Excesso de saliva: o que causa e como resolver o problema?

Composta por água, matéria orgânica e elementos inorgânicos, a saliva é uma secreção transparente produzida pelas glândulas salivares para auxiliar na digestão e na proteção da cavidade bucal. No entanto, em alguns casos, ocorre excesso de saliva, trazendo consequências prejudiciais ao organismo.

Em condições normais, esse líquido umedece a boca, previne a multiplicação de bactérias, lubrifica os alimentos e facilita a mastigação. Porém, quadros como os de infecções e inflamações na boca, refluxo gastroesofágico e uso contínuo de alguns medicamentos, entre outras possibilidades, podem causar um desequilíbrio em sua produção.

Este conteúdo mostra quais são as causas e consequências da salivação excessiva e como resolver esse problema com a ajuda de um dentista. Continue a leitura e descubra mais sobre o tema!

Como o excesso de saliva funciona?

O excesso de saliva — chamado tecnicamente de sialorreia — ocorre devido à maior produção do líquido transparente nas glândulas salivares ou por causa da fraqueza da musculatura facial. O problema é comum em bebês, quando a dentição está em desenvolvimento, desaparecendo aos 3 anos de idade e sendo considerado anormal na vida adulta.

Qual é a quantidade normal de saliva?

Muitas pessoas se perguntam qual é a quantidade de secreção salivar considerada normal. Para resolver a questão, basta compreender que adultos saudáveis produzem cerca de 0,5 a 1,5 litro de saliva por dia. O volume é suficiente para lubrificar a cavidade oral, facilitando a digestão e evitando a proliferação de bactérias nessa região.

Como saber se a salivação está equilibrada?

Alguns sinais indicam que há um desequilíbrio na salivação. Quando a produção de saliva está abaixo do normal, o principal indício é a boca seca. Embora seja natural sentir isso em momentos tensos ou, simplesmente, quando está com sede, ficar com a boca seca com frequência indica que há um problema.

No caso do excesso de saliva, é comum que haja uma dificuldade de engolir por trás disso, o que faz com que o líquido se acumule na boca. Esse acúmulo também pode levar a pessoa a babar ou cuspir com frequência.

Para completar, saliva em excesso acompanhada de um gosto ruim na boca é um alerta ainda maior de que há um desequilíbrio na produção. Pode ser um problema no sistema digestivo, por exemplo. Em todo caso, é recomendado procurar ajuda especializada.

Quais são as causas do excesso de saliva?

Até aqui, você sabe como funciona o excesso de saliva. Mas a dúvida que fica é sobre as causas desta disfunção em pacientes adultos, certo? Listamos as principais!

Infecções orais

As infecções orais são uma das principais causas da boca salivando muito. Isso porque o organismo impulsiona a produção do líquido transparente nas glândulas salivares, como forma de defesa à multiplicação de microrganismos na cavidade.

Refluxo gastroesofágico

Caracterizado pelo retorno involuntário e repetitivo do conteúdo do estômago para o esôfago, o refluxo gastroesofágico é outro sintoma associado à produção excessiva de saliva. Além disso, pessoas diagnosticadas com esse problema gástrico podem sofrer com a má digestão, dor no estômago e incômodo na boca.

Uso de determinados medicamentos

O uso de alguns medicamentos está ligado à produção excessiva de saliva nos pacientes. É o caso de sedativos, anticonvulsivantes e anticolinesterásicos, cuja prescrição deve ser avaliada e acompanhada de perto pelo profissional de saúde, evitando efeitos colaterais na cavidade bucal.

Má oclusão dentária

Quem tem má oclusão dentária, que é o desalinhamento entre os dentes, também pode sofrer com o excesso de saliva. Isso acontece, geralmente, quando a pessoa inicia um tratamento com aparelho ortodôntico e a presença dos fios e bráquetes na boca passa a estimular a produção de saliva acima do normal.

Doenças neurológicas

Em pessoas com doenças neurológicas, é normal notar um excesso de saliva na boca porque há dificuldade de reter e engolir esse líquido. Paralisia cerebral, esclerose lateral amiotrófica e doença de Parkinson são algumas das condições em que isso ocorre.

Além dessas causas comuns que citamos, algumas condições mais raras também causam hipersalivação. Essas são algumas delas:

• raiva;
• envenenamento;
• tuberculose;
• sífilis;
• atresia do esôfago.

Quando se trata de algo mais sério, o excesso de saliva é apenas um dos sintomas que o paciente apresenta. Portanto, é importante observar os sinais e procurar um especialista para obter um diagnóstico correto.

Quais são as consequências do excesso de saliva?

A saliva cumpre uma importante função no organismo, mas, quando produzida em excesso, ela pode ser prejudicial para a saúde bucal. Veja as principais consequências desse problema!

Distúrbios na fala

Uma consequência do excesso de saliva são os distúrbios na fala, pois o aumento do fluxo de saliva impacta a comunicação oral, colocando um obstáculo durante a emissão da voz. Igualmente, a disfunção compromete a deglutição, tornando essa função essencial mais cansativa devido ao excesso de líquido presente na boca do paciente.

Engasgos frequentes

O item anterior nos traz a esse, uma vez que, com o excesso de saliva, ficam comprometidas a mastigação e a deglutição dos alimentos. Por isso, o diagnóstico sugere engasgamento frequente — condição que também se associa ao relaxamento e ao enfraquecimento dos músculos utilizados para engolir a comida.

Mau hálito

A saliva ajuda a remover restos de alimentos da boca e tem substâncias que evitam a proliferação bacteriana no organismo. No entanto, quando a produção deste líquido é anormal, o paciente pode sofrer com mau hálito — um odor desagradável e persistente exalado pela pessoa.

Como é possível resolver o problema?

Neste momento, você já sabe quais são as principais causas da hipersalivação. Mas o que fazer para resolver esse problema? Confira as recomendações!

Evite alimentação que estimula produção de saliva

Alimentos como maçã, queijos duros, vegetais crocantes e produtos ricos em ácido cítrico estimulam a produção de saliva. O motivo é que o consumo desses insumos envia uma mensagem ao corpo de que é necessário mais saliva para processar os componentes. Por isso, caso esteja sofrendo com excesso de saliva, o ideal é evitá-los.

Troque o enxaguante bucal

Os enxaguantes são importantes para evitar a multiplicação de bactérias na boca. No entanto, o uso excessivo e sem recomendação médica da substância pode aumentar a produção de saliva, levando ao mau hálito, à redução do paladar e a manchas na dentição.

Por isso, peça sempre indicação de enxaguante bucal ao dentista e siga à risca as recomendações do profissional para não impactar a produção das glândulas salivares e, portanto, manter a saúde bucal em dia.

Mantenha a hidratação

A hidratação apropriada é outro cuidado importante para quem sofre com hipersalivação. O ideal é ingerir água regularmente, pois o líquido ajuda a manter o bom funcionamento do organismo. Para você ter ideia, a Organização Mundial da Saúde orienta que adultos saudáveis consumam pelo menos dois litros de água por dia.

Faça uma boa higiene bucal

Para evitar disfunções na boca, o ideal é realizar a higiene bucal diariamente, escovando os dentes sempre após as refeições, utilizando o fio dental e visitando o consultório odontológico de uma a duas vezes por ano. Assim, o paciente evita o acúmulo de resíduos orgânicos na cavidade e controla o surgimento de micro-organismos na área, deixando o sorriso bonito e saudável.

Quais são os tratamentos para o excesso de saliva?

Além dos cuidados caseiros que citamos, existem algumas opções de tratamento para a hipersalivação. A seguir, destacamos os principais.

Medicamentos

A depender do quadro clínico examinado e dos tratamentos prévios adotados pelo paciente, o cirurgião-dentista pode indicar algum medicamento para o excesso de saliva. Normalmente, são utilizados remédios que têm a redução de saliva como uma das suas reações adversas. Por isso, é fundamental ter cuidado com os outros efeitos que eles provocam no paciente.

Fonoterapia

Por meio de exercícios motores, é possível melhorar a coordenação dos músculos, de modo a ter um maior controle da postura da cabeça, do ato de fechar os lábios e dos movimentos da língua. Desse jeito, o paciente pode engolir a saliva.

Essa opção de tratamento para excesso de saliva costuma ser mais indicada para pessoas mais velhas e/ou com doenças neurológicas.

Aplicação de botox

Esse tratamento consiste na aplicação de botox, como é conhecida popularmente a toxina botulínica, nas glândulas salivares. Isso reduz a produção de saliva por um tempo, pois o efeito do botox não é permanente. Assim, o ideal é aproveitar esse período para fazer uma terapia com fonoaudiólogo, com o objetivo de alcançar uma solução de longo prazo para o problema.

Cirurgia

Quando nem as mudanças de hábitos, nem os outros tratamentos dão resultado, pode haver a indicação de uma cirurgia para remover as glândulas submandibulares. Isso permite um controle maior da produção de saliva, sendo uma solução mais eficaz. É uma opção que não costuma ser realizada em crianças com menos de 6 anos.

É importante destacar, ainda, que a escolha de tratamento depende muito do quadro de cada paciente, não só no que se refere ao excesso de saliva, mas à sua saúde como um todo. Por esse motivo, somente um especialista vai conseguir avaliar a situação para determinar qual é o melhor caminho a ser seguido.

Neste post, você entendeu que manter a dieta equilibrada, ingerir líquidos, trocar o enxaguante e realizar a higiene bucal corretamente são dicas práticas para evitar o excesso de saliva. Entretanto, caso o paciente adote as medidas e, ainda assim, continue sofrendo com a salivação excessiva, o ideal é examinar melhor a situação no consultório do dentista, seguindo o tratamento recomendado pelo profissional.

E aí, o que achou deste post? Ainda tem dúvidas sobre o excesso de saliva? Então, deixe um comentário sobre o assunto e compartilhe com a gente sua opinião!